Os Acidentes Vasculares Cerebrais, mais conhecidos como AVC, são das principais causas de incapacidade e mortalidade em todo o mundo, afetando milhões de pessoas todos os anos.
Além dos desafios físicos, os mais conhecidos, os sobreviventes de AVC muitas vezes referem sofrimento psicológico, bem como dificuldades cognitivas como perda de memória ou confusão mental. Portanto, a reabilitação neuropsicológica é essencial para a reabilitação.
Este artigo pretende dar uma visão geral do papel da neuropsicologia na reabilitação após AVC, com ênfase particular no uso de exercícios de estimulação cognitiva para promover a recuperação.
Se gostaria de iniciar um programa reabilitação neuropsicológica ou ter uma consulta de neuropsicologia pós AVC, entre em contacto com um neuropsicólogo.
Mas afinal o que é um AVC?
Um AVC ocorre quando o fluxo sanguíneo para o cérebro é interrompido. Sem sangue as células cerebrais morrem porque deixam de receber oxigénio e nutrientes.
Com base no motivo pelo qual o fluxo de sangue no cérebro é interrompido, existem três tipos de AVC: o isquémico, o hemorrágico e o transitório.

AVC Isquémico
O AVC Isquémico é causado por um bloqueio ou coágulo num dos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro. Isto faz com que as partes do cérebro alimentadas por aquele vaso sanguíneo deixem de receber sangue, acabando as células por morrer. Este é o tipo mais frequente de AVC.
AVC Hemorrágico
No caso dos AVC hemorrágicos, como o próprio nome diz, existe uma hemorragia no cérebro por causa do rompimento/rutura de um vaso sanguíneo.


AIT
O AVC transitório é chamado de AIT (Acidente Isquémico Transitório). No fundo é um AVC isquémico no qual existe um bloqueio do fornecimento de sangue ao cérebro, mas de forma passageira. Normalmente deve-se à acumulação de placas nas artérias, o que se chama de aterosclerose.
Independentemente do tipo de AVC existem alguns sinais de alerta aos quais devemos estar atentos.
Os sinais de alerta
Normalmente um AVC não causa dor, o que faz com que as pessoas demorem a dar o alerta e a reconhecer que se está perante um AVC. No entanto, a cada minuto sem circulação sanguínea, morrem dois milhões de neurónios. A ajuda médica imediata é essencial para melhorar as hipóteses de sobrevivência e recuperação e para minimizar as sequelas de AVC.
Como o tempo é vida, é importante reconhecer atempadamente os três principais sintomas de AVC:
- Desvio da comissura labial, que reconhecemos como “boca ao lado”
- Perda de força num dos braços ou pernas
- Dificuldades na fala, seja na compreensão ou produção de linguagem
Uma forma simples de decorar estes 3 sintomas é pensar na sigla dos 3 F´s: Face, Fala, Força.

Se a pessoa tiver algum destes sintomas deve-se pedir ajuda de imediato!
Existem outros sinais, menos comuns, que podem aparecer, como é o caso de confusão mental repentina, dificuldades súbitas de visão, vertigens, tonturas ou perda de equilíbrio súbita, dor de cabeça intensa e súbita, náuseas, entre outros.
Caso identifique algum destes sinais de alerta deverá ligar imediatamente 112. O tempo é uma das principais armas contra as sequelas de AVC.
Se sentir algum destes sintomas NÃO DEVE:
- Deitar-se e esperar que os sintomas desapareçam durante a noite
- Ligar a um familiar para que seja ele a avaliar a necessidade de ir ao hospital
- Ligar Saúde 24
Se sentir algum destes sintomas LIGUE 112!
Estarei em risco de ter um AVC?
Se tiver pressão arterial alta, diabetes, for fumador, tiver excesso de peso, colesterol elevado e um estilo de vida sedentário, a resposta é sim! Para além disso, caso tenha tido um AIT (Acidente Isquémico Transitório) tem ainda risco acrescido de ter um AVC.
Estes são os principais fatores de risco que aumentam a probabilidade de se ter um AVC.
Sabia que cerca de 90% dos AVC podem ser prevenidos?
Se controlar os fatores de risco, adotar hábitos saudáveis e consultar regularmente o seu médico minimiza o risco de vir a ter um acidente vascular cerebral.
Comportamentos que previnem AVC:
- Alimentação equilibrada
- Consumo moderado de açúcar e álcool
- Exercício físico regular
- Não fumar
- Controlo de peso, colesterol e pressão arterial
- Visitas regulares ao médico
As sequelas de um AVC
Felizmente, hoje em dia em muitos casos é possível continuar a viver após um AVC. Mas, em cerca de 50% dos casos, existem sequelas que levam à necessidade de adaptação da rotina e do ambiente.
As sequelas vão depender das zonas do cérebro que foram afetadas pelo AVC. Como todo o nosso cérebro tem vasos sanguíneos qualquer área é suscetível de ser afetada por um AVC.
Nos casos dos AVC hemorrágicos, é possível que outras áreas do cérebro que estão afastadas da zona da hemorragia sejam afetas. Isto acontece porque com a hemorragia a pressão intracraniana aumenta “roubando” espaço ao cérebro, levando a que mais células cerebrais morram.
Apesar de cada caso ser único, algumas das sequelas reportadas após um AVC são:
- Sintomas físicos – normalmente ocorrem num dos lados do corpo.
- Fraqueza muscular
- Paralisia
- Rigidez
- Alterações na sensibilidade
- Fadiga
- Dificuldades de equilíbrio
- Incontinência urinária
- Dificuldades de comunicação
- Afasia – dificuldades a produzir ou compreender a linguagem
- Disartria – dificuldades na articulação de palavras
- Dificuldades na leitura e escrita
- Dificuldades cognitivas
- Problemas de atenção
- Dificuldades de memória
- Dificuldades de planeamento
- Dificuldades na resolução de problemas
- Heminegligência – dificuldade em perceber e processar informação apresentada num dos lados do corpo
- Apraxia – dificuldade em realizar sequências de movimentos de forma propositada
- Agnosia – dificuldade em reconhecer coisas
- Dificuldades emocionais
- Ansiedade
- Depressão
- Frustração
- Dificuldades na autorregulação emocional
- Ideação suicida
- Dificuldades nas relações
- Outras sequelas
- Alucinações
- Dificuldades sexuais
- Alterações no padrão de sono
Se gostaria de saber mais sobre estas e outras sequelas de AVC, contacte um profissional de saúde.
O que é a neuroplasticidade após AVC?
A neuroplasticidade é uma capacidade do nosso cérebro em se reorganizar e formar novas ligações entre neurónios como resposta a mudanças que ocorrem no ambiente ou após uma lesão.
No caso de um AVC, a neuroplasticidade desempenha um papel crucial no processo de recuperação, isto porque o cérebro tenta compensar os danos causados pelo AVC criando novas ligações que vão substituir as que se perderam ou reorganizando as existentes.
As células do nosso cérebro – os neurónios – mandam mensagens umas às outras – as sinapses. Um AVC provoca lesões que levam à morte de neurónios. Com a perda de neurónios as mensagens deixam de passar e por isso o nosso cérebro e corpo deixam de conseguir fazer algumas coisas (e.g. falar, andar, memorizar, ver).
A reabilitação (cognitiva, física ou da fala) tem a capacidade de encorajar o cérebro a fazer novos caminhos por onde passam as mensagens. Isto pode acontecer de duas maneiras.
- O cérebro usa caminhos que já existem, mas são utilizados para outras funções ou caminhos mais longos. Por exemplo, quando vamos numa estrada e encontramos uma placa de desvio porque o caminho à frente não se pode usar. Conseguimos chegar onde queremos, mas temos que usar outro caminho que é mais longo ou mais complicado. Isto pode ter algumas consequências para o cérebro, como ser mais cansativo, requerer mais recursos ou levar a alguns erros. Relembrando a metáfora da estrada, é um caminho que gasta mais combustível, que não conhecemos tão bem e podemos perdermo-nos ou enganarmo-nos. Leva, ainda a um maior desgaste desta estrada secundária, podendo surgir buracos na estrada.
- Uma outra forma de neuroplasticidade é o cérebro criar novas ligações entre neurónios, normalmente através do crescimento de dendrites (os braços dos neurónios). Aqui é como se estivéssemos a construir uma nova estrada para substituir a anterior. Isto vai demorar tempo, vão ser precisos muitos recursos e muita mão-de-obra. Então vai ser um processo mais demorado e muito cansativo para o cérebro.

Tradução: Lia Gomes de Almeida
Mas a neuroplasticidade não acontece só durante as sessões de reabilitação. No dia-a-dia, quando o sobrevivente de AVC se desafia com tarefas que são difíceis, quando diz uma nova palavra, ou quando se recorda de algo que se tinha esquecido, ajuda o cérebro a melhorar as suas relações.
No entanto, todas as lesões cerebrais são diferentes e, apesar da neuroplasticidade oferecer uma esperança de recuperação, nem todas as pessoas recuperam na totalidade.
Para além disso, as novas ligações entre neurónios nem sempre são tão fortes como as originais. Assim, uma pessoa a recuperar de um AVC pode ter retrocessos passageiros na reabilitação. Normalmente estes acontecem quando a pessoa está mais cansada, doente ou stressada. Por exemplo, no final de um dia mais longo, a pessoa pode ter mais dificuldade em conseguir estar concentrada.
Este tipo de retrocessos são temporários e passageiros. Caso se mantenham durante algum tempo é fundamental contactar um profissional de saúde.
O Papel da Neuropsicologia num AVC
Como vimos antes, um AVC tem um grande impacto no dia-a-dia, com sequelas a nível físico, comunicacional, cognitivo, emocional e relacional. Sendo a neuropsicologia o ramo da psicologia que estuda a relação entre o cérebro e o comportamento, é a ciência responsável por estudar a forma como lesões nas diferentes áreas do cérebro afetam, como é o caso dos AVC, o funcionamento cognitivo, emocional e comportamental.
Assim, a neuropsicologia é fundamental na avaliação e reabilitação das dificuldades cognitivas presentes em casos de acidente vascular cerebral.
Iremos ver de seguida o papel da neuropsicologia na avaliação e no desenvolvimento de intervenções específicas para a melhoria da recuperação de um AVC.
As sequelas ocultas do AVC: explorando as alterações neuropsicológicas
As alterações cognitivas, emocionais e comportamentais são comuns após um AVC, isto porque as regiões cerebrais responsáveis por estas funções podem ser danificadas. Estas alterações costuma ter um impacto significativo na qualidade de vida, dificultando a realização de atividades quotidianas (como o banho) e o envolvimento com a comunidade.
Dentro destas três alterações, as dificuldades cognitivas são as mais comuns após um AVC. Aqui incluem-se dificuldades de memória, atenção, velocidade de processamento, resolução de problemas e linguagem. Consoante o tipo e extensão do AVC, algumas pessoas podem ter dificuldades cognitivas mais graves do que outras. Algumas pessoas podem apenas não se recordar do dia do AVC ou dos primeiros dias de internamento, enquanto outras podem ter bastante dificuldade em recordar conversas e coisas que fizeram depois de terem o AVC, ou o nome de pessoas que conheceram toda a vida. Outras podem não ter dificuldades de concentração, enquanto outras não conseguem acompanhar a história de um filme porque se vão perdendo e distraindo. Muitas pessoas relatam um quadro de confusão mental após um AVC devido às suas queixas cognitivas. É, então, muito importante identificar e quantificar estas dificuldades para delinear um plano de intervenção personalizado e desenhar exercícios de reabilitação ou estimulação cognitiva após o AVC.
É aqui que os neuropsicólogos entram, sendo os únicos profissionais habilitados a realizar uma avaliação neuropsicológica, que recorre a uma variedade de testes desenvolvidos cientificamente para o efeito.
De seguida, pode encontrar e descarregar um breve panfleto com alguma informação sobre algumas das dificuldades sentidas no dia-a-dia após um AVC associadas a défices cognitivos.

No que respeita às mudanças emocionais estas também são comuns após um AVC e podem incluir sentimentos de depressão, ansiedade, irritabilidade, instabilidade emocional, frustração, raiva ou tristeza. Os mais comuns são os sintomas de ansiedade e depressão após um avc. Cerca de um terço dos sobreviventes de AVC apresentam sintomas de depressão no primeiro ano e um quarto sintomas de ansiedade nos primeiros cinco anos.
Para além disso, as pessoas podem sentir uma mudança na sua capacidade de resposta emocional, como por exemplo, uma menor capacidade de ter sensações de prazer ou sensibilidade aumentada a emoções negativas. Essas mudanças podem ser angustiantes e podem afetar a capacidade da pessoa se relacionar com outras pessoas ou participar em atividades sociais.
Alguns exemplos de coisas que as pessoas sentem após um AVC:
- Dificuldade em lidar com todas as alterações na rotina, em casa, no trabalho e na relação com os outros
- Sentimentos de raiva e tristeza com as perdas após o AVC (perda do trabalho, perda de autonomia, perda da carta de condução)
- Sentimentos de perda de autoconfiança
- Medo de ter um novo AVC
- Medo de fazer as coisas sem ajuda
- Medo de morrer
- Medo de ter dificuldades financeiras por deixar de trabalhar ou ter mais gastos com saúde ou adaptação da casa às novas necessidades
- Sentimentos de tristeza
- Sentimentos de inutilidade
- Sentimentos de culpa
- Perda de interesse em atividades que gostava e davam prazer
- Perda de interesse sexual
- Sentimentos de inquietação
- Sintomas físicos associados a ansiedade (batimento cardíaco acelerados, tremores, náuseas)
- Sentimentos de impotência
- Sensação de perda de controlo
- Ataques de pânico
- Sentimentos de frustração por não conseguir fazer as coisas, depender de outras pessoas, não conseguir dizer o que pretende ou esquecer-se das coisas
- Irritabilidade sem motivo aparente ou por coisas que antes não incomodavam
- Mudanças de humor rápidas (labilidade emocional)
- Pensamentos suicidas
Os neuropsicólogos podem ajudar os indivíduos a gerir todos estas emoções, sentimentos e mudanças, através de apoio neupsicológico com intervenções cognitivo-comportamentais, mindfulness ou outras intervenções e modelos cientificamente comprovados, adaptados às suas dificuldades cognitivas, quando presentes.
No caso dos pensamentos suicidas é fundamental uma intervenção imediata. Caso esteja a pensar magoar-se ou suicidar-se deverá ligar de imediato 112, dirigir-se às urgências do hospital mais perto, ligar ao seu psicólogo ou médico ou ligar para alguma linha de apoio gratuita.
Por fim, poderão existir alterações comportamentais. Estas, muito comuns depois de um AVC, podem incluir apatia, desinibição, agressividade, impulsividade, alterações no padrão de sono ou comportamentos sexuais desajustados. As pessoas também podem referir desmotivação e dificuldades a iniciar tarefas, bem como dificuldades de planeamento e organização. Estas mudanças tendem a afetar significativamente a independência e a participação em atividades diárias. O papel dos neuropsicólogos na intervenção direcionada para as alterações de comportamento tende a ser direcionada para a pessoa e família. Normalmente inclui a aprendizagem de estratégias de gestão destas alterações, como técnicas de modificação de comportamento, adaptações ambientais ou a definição de rotinas.
A estimulação cognitiva na reabilitação após AVC: como melhorar o funcionamento cognitivo e a qualidade de vida
Sendo as dificuldades cognitivas uma das sequelas mais comum do AVC, como vimos anteriormente, é importante que o plano de reabilitação após AVC inclua medidas e estratégias específicas para as melhorar. A reabilitação neuropsicológica é um tipo de terapia que visa abordar estas dificuldades e melhorar a qualidade de vida geral dos sobreviventes de AVC.
A estimulação cognitiva é uma das principais técnicas utilizadas na reabilitação neuropsicológica. Envolve a realização de várias atividades destinadas a desafiar e estimular suas habilidades cognitivas, como memória, atenção, funções executivas e linguagem. Estas atividades são adaptadas pelos neuropsicólogos às necessidades específicas de cada pessoa e podem incluir exercícios realizados em computador, sessões de terapia individualizadas e tarefas realizadas em casa entre sessões.
De seguida são apresentados alguns exemplos de exercícios de estimulação cognitiva que podem ser utilizados na reabilitação neuropsicológica após um AVC.

Memória
Jogos de memória
Tarefas de recordação de palavras ou imagens
Tarefas de memória espacial
Treino de mnemónicas

Atenção e concentração
Tarefas de contagem
Tarefas de pesquisa visual como encontrar uma palavra numa lista desorganizada de palavras
Tarefas de tempo de reação.

Funções executivas
Quebra-cabeças
Recordar listas de palavras na ordem inversa à que foi apresentada

Linguagem
Tarefas de associação de palavras
Tarefas de conclusão de frases
Tarefas de nomeação de imagens
Todos estes exercícios devem ser adaptados às necessidades e capacidades individuais. É fundamental um acompanhamento profissional, com um neuropsicólogo, para garantir resultados adequados. Apesar de ser fundamental a realização de tarefas em casa, se não tiver acompanhamento profissional poderá estar a fazer exercícios que não são os mais adequados para si.
Os familiares e amigos têm também um papel fundamental. Podem ajudar a pessoa se mantiverem uma postura colaborante, empática e facilitadora. Isto significa que, pequenas coisas como ser paciente, encorajar a pessoa a fazer sozinha, envolver a pessoa nas decisões e rotinas, simplificar tarefas e estar atento, podem ajudar bastante na recuperação de alguém que teve um AVC.
No panfleto que se segue, poderá encontrar algumas sugestões para o dia-a-dia, bem como dicas para familiares e amigos.

Por fim, relembramos que a estimulação cognitiva deve ser utilizada juntamente com outras técnicas de reabilitação, como psicoterapia, fisioterapia, terapia da fala e terapia ocupacional, disponibilizando, assim, uma intervenção mais abrangente para a reabilitação. Ao abordar os aspetos cognitivos, emocionais e físicos nos planos de reabilitação, os sobreviventes podem alcançar uma maior independência funcional e promover a qualidade de vida após o AVC.
Se gostaria de saber mais sobre como iniciar um acompanhamento neuropsicológico de forma a promover a recuperação e reabilitação após um AVC entre em contacto com a Clínica da Neuropsicologia.
Fontes
https://www.stroke.org.uk/
https://www.portugalavc.pt/
https://cuidaloquemasteimporta.org/pt/
https://www.archives-pmr.org/article/S0003-9993(19)30194-7/fulltext
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/jocn.16030
https://academic.oup.com/acn/article/22/2/133/2716
https://psycnet.apa.org/doiLanding?doi=10.1037%2F15972-004
https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-3-319-93497-6_32
https://prevenirsuicidio.pt/